A etnia

A etnia

Chamados por outros grupos indígenas como Kayapó (grafado às vezes como “Caiapó” ou “Kaiapó”),  eles se autodenominam Mebêngôkre (aquele de origem do olho d’água) em sua língua, que pertence ao tronco Macro-Jê. Um povo com tradição guerreira, os Mebêngôkre vivem em um bloco de Terras Indígenas nos estados de Mato Grosso e Pará e se dividem em sete sub-grupos: Mekrãgnotí, Gorotire, Kuben-Krân-Krên, Kôkraimôrô, Kararaô, Metyktire e Xikrin.

A população atual gira em torno de 10 mil Mebêngôkre e  eles estão entre os 15 maiores povos dos 305 do Brasil.

O grupo Mekrãgnotí (faces vermelhas) ocupa o oeste do bloco, na área de influência da BR-163 – símbolo do desmatamento desenfreado que se segue à construção e ao asfaltamento de estradas na Amazônia.

O primeiro contato pacífico dos Kayapó com não-indígenas (kuben) foi feito pelos irmãos Villas-Boas no final da década de 50, em Mato Grosso. Entre os Mekrãgnotí do Pará, a aldeia do primeiro contato foi a Mekrãgnotí Velho, na TI Menkragnoti. Antes disso, eles tiveram conflitos com seringueiros e caçadores de peles que invadiam seus territórios tradicionais.

As Terras Indígenas Baú e Menkragnoti, onde estão as aldeias filiadas ao Instituto Kabu, são onde vive este grupo, que começou a enfrentar nos anos 70 uma explosão de invasões em seus territórios, a partir do acesso ganho com a rodovia, que liga Cuiabá, em Mato Grosso  a Santarém, no Pará.

As aldeias, em forma circular ou semi-circular variam bastante em tamanho e a maior das aldeias do IK é a Kubênkàkre (apelidada de KBK), com uma população aproximadamente 700 pessoas, considerada a aldeia-mãe.

Apesar da introdução de hábitos não-indígenas como tomar café, usar celulares e internet, os Kayapó preservaram a língua, a cultura e o modo de vida. Tomam café e usam açúcar, mas caçam, pescam, mantêm suas roças próximas aos rios, utilizam e valorizam a medicina tradicional e realizam festas e rituais.

História de lutas

Nas décadas de 80 e 90, os ficaram conhecidos nacional e internacionalmente pelo protagonismo na luta de povos indígenas pelo reconhecimento, demarcação e homologação de suas terras. A atuação de lideranças Kayapó também foi determinante para que os direitos dos povos originários fossem finalmente reconhecidos na Constituição de 1988, conhecida como Constituição cidadã.

Atuam na linha de frente na luta pelo direito à consulta  em obras de infraestrutura que afetam as populações indígenas e tiveram uma participação  fundamental para barrar o projeto da hidrelétrica de Kararaô na Bacia do Xingu, nos anos 90. Os planos foram retomados décadas depois, e a Bacia do Xingu convive hoje com sérios problemas socioambientais provocados pela construção da usina de Belo Monte, na Volta Grande.

Mais fontes de informação:

https://bit.ly/3p4XnwO

Fotos:

Aldeia Kubênkàkre