Alternativas Econômicas Sustentáveis e Segurança Alimentar

Alternativas Econômicas Sustentáveis e Segurança Alimentar

A busca de mercados para escoar produtos sustentáveis não-madeireiros usando a BR-163 tem o objetivo de reduzir o impacto negativo da pressão sobre recursos naturais das TIs, traduzido em tentativas de aliciamento de índios por parte de madeireiros, garimpeiros e grileiros.

Nesta primeira década, os projetos de produção e venda de artesanato auxiliaram no empoderamento das mulheres e na valorização da cultura e da arte Kayapó, além de balizar o comércio justo e ético. Os Mekrãgnotí não comercializam sua arte plumária e nenhum produto com penas de pássaros ou peles de animais. Homens e mulheres produzem de pulseiras de miçangas a cestos cargueiros; de tecidos com grafismos tradicionais a remos e bordunas. Tudo o que é arrecadado vai para as artesãs e artesãos.

Parcerias têm permitido a fabricação de artigos manufaturados como sandálias, alpargatas e bolsas. Os grafismos em tecido são pintados a mão pelas indígenas. Uma loja física em Novo Progresso estimula o contato com a cultura a nível local e a loja virtual vem permitindo a comercialização, já que a participação em feiras e eventos e a exposição no Memorial do Índio em Brasília foram interrompidos devido a pandemia.

Até 2019, o Instituto Kabu financiava a coleta de castanha do Brasil com recursos do PBA. Com a sua paralisação aliada à pandemia, praticamente não houve comercialização de castanha em 2020 e 2021. A coleta foi retomada em 2022 com recursos de doadores.

Os Mekrãgnotí viajam longas distâncias para os castanhais e ficam acampados por semanas durante a coleta. Parte da produção é estocada para consumo interno – a castanha é uma fonte importante de proteínas – e o excedente é comercializado pelo Instituto Kabu. A coleta da castanha é importante para a manutenção da cultura e para a transmissão do conhecimento.

Durante as várias semanas em que os acampamentos são montados nos castanhais, sem acesso a celulares ou eletricidade, os jovens aprendem a caçar e ouvem histórias dos mais velhos ao redor de fogueiras. Toda a cultura Kayapó é transmitida oralmente e essa é uma boa oportunidade para isto.

Outro produto extrativista é o cumaru, uma baunilha que tem uso medicinal para os Kayapó. O excedente é exportado para a australiana Lush, que usa o cumaru como matéria-prima para a fabricação de cosméticos artesanais. Este portfólio inclui ainda projetos de fruticultura em todas as aldeias, cursos de formação e capacitação.

O IK também vem promovendo cursos com parceiros para a implantação de pomares de frutíferos e de viveiros nas aldeias. As mulheres Kayapó também plantam mandioca e produzem sua própria farinha. O projeto de implementar casas de farinha em todas as aldeias é um dos que foram paralisados com a judicialização do PBA.