Povos indígenas lutam pelo arquivamento do Projeto de Lei 490 que ameaça as TIs

CCJ da Câmara manteve votação do projeto na pauta desta terça-feira (dia 22), mas Levante pela Terra continua mobilizado em Brasília
Povos indígenas lutam pelo arquivamento do Projeto de Lei 490 que ameaça as TIs
22.06

Mesmo com todas as manifestações contrárias, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados colocou em pauta nesta terça-feira (dia 22) o Projeto de Lei 490/2007, que pode anular as demarcações de Terras Indígenas (TIs).

Mobilizado desde o dia 14, o movimento indígena segue em Brasília, no Levante Pela Terra, lutando pela defesa dos direitos de seus territórios. O Levante deveria ter acabado na sexta-feira (dia 18), mas várias delegações, incluindo a dos Kayapó, decidiram continuar denunciando a violação de seus direitos no dia da votação. 

Por isso, a delegação de 100 indígenas Kayapó volta nesta terça-feira ao Congresso para protestar. Enfrentando o risco da Covid, a mobilização segue tentando barrar o projeto, que é inconstitucional.

O PL 490 combina 13 outros que já tramitavam e cria um pacote de ameaças que transfere a palavra final sobre demarcações e homologações para o Congresso, pode anular demarcações já feitas, legalizar garimpos ilegais e abrir caminho para todo tipo de empreendimento comercial em TIs, ferindo direitos garantidos na Constituição.

Além de suprimir  o direito de posse e usufruto exclusivo dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, o PL  fortalece a tese do Marco Temporal, segundo a qual apenas os povos que estavam em territórios tradicionais no ano da promulgação da Constituição de 1988 têm direito às suas terras.

O projeto também estabelece uma série de outros entraves às demarcações. O principal deles é a possibilidade de apresentação de contestações em todas as fases do complexo e demorado procedimento demarcatório.

Questionamentos poderiam ser apresentados por representantes de municípios e estados, associações de fazendeiros, produtores rurais e invasores em geral. Atualmente, a contestação pode ser feita por qualquer pessoa, no período de 90 dias após a publicação do relatório de identificação elaborado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Depois disso, o processo segue para a declaração de limites pelo ministro da Justiça.

Se for aprovado na CCJ, o texto segue para o plenário da Câmara, onde os votos de ruralistas ajudam a “passar a boiada”.

Além das manifestações na capital federal, estão sendo realizadas ações nas redes sociais para tentar derrubar a votação do PL 490. Entre essas ações está a campanha para enviar e-mail a todos os deputados da CCJ de uma só vez. Para isso, entre no site da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e participe da campanha (https://apiboficial.org/).

Também será realizado um Tuitaço: #PL490Não.