Oficina de sementes e mudas une conhecimento técnico ao saber tradicional

Ao final do curso, além de ir a campo e colocar em prática técnicas de conservação, brigadistas de várias comunidades da TI Menkragnoti fizeram um mutirão para consertar as cercas e reativar o viveiro
Oficina de sementes e mudas une conhecimento técnico ao saber tradicional
23.02

Ao contrário das oficinas anteriores, em que os indígenas foram à cidade de Novo Progresso para o curso de coleta e produção de sementes e mudas, desta vez as monitoras chegaram até a aldeia. Uma casa com cobertura de palha onde as mulheres artesãs trabalham na aldeia Kubenkokre se transformou por uma semana em sala de aula. Duas engenheiras agrônomas da startup Lignum, criada por agrônomos formados na Universidade Federal do Pará (UFPA), se deslocaram de Santarém para ministrar a oficina de coleta, beneficiamento, extração, conservação, armazenamento e transporte de sementes.

Com aulas teóricas e práticas, Cezarina Carvalho, que coordenou o curso, explicou que é necessário se adaptar ao jeito Kayapó de viver com a floresta e a importância da troca de conhecimentos, já que os Kayapó em seu ambiente são “verdadeiros senhores da floresta”. “A gente une o conhecimento técnico e científico com o tradicional e nenhum deles se sobrepõe: eles se completam”.

Ao final do curso, além de ir a campo coletar sementes e colocar em prática as técnicas de conservação, brigadistas de várias comunidades da Terra Indígena Menkragnoti e outros participantes do curso fizeram um mutirão para consertar as cercas e reativar o viveiro de sementes da aldeia, que sofreu com fortes ventanias.

De acordo com Carvalho, foi possível ver que os participantes assimilaram os novos conhecimentos quando tiraram algumas horas para mostrar o que aprenderam em forma de desenhos.

Como na cultura Kayapó são as mulheres que cuidam da roça, mudas foram plantadas perto de casas de mulheres unindo técnicas aprendidas na oficina e técnicas tradicionais durante a oficina.

As brigadas indígenas de combate ao fogo da Terra Indígena (TI) Menkragnoti foram formadas em 2014 e  desde então monitoram queimadas nas roças antes da época da chuva, garantindo a ausência de incêndios dentro da TI nos últimos anos. Também são os responsáveis pelo viveiro de mudas de cupuaçu, açaí, cacau, araçá, jambo, graviola e outras espécies. As sementes vêm em parte da comunidade e em parte de parceiros (assentamentos ou indígenas de outras regiões). Em breve, um grupo Kayapó-Mekrãgnotí vai a Mato Grosso levar sementes de castanha para trocar com os Kayapó de lá por mudas de pequi.