Doze povos da Amazônia trocam experiências em vigilância dos territórios

Intercâmbio de experiências sobre monitoramento territorial indígena
Doze povos da Amazônia trocam experiências em vigilância dos territórios
18.10

Homologadas ou não, as Terras Indígenas (TIs) estão sob risco constante de invasão de grileiros, garimpeiros, madeireiros, caçadores e pescadores ilegais.

Nas últimas décadas, vários povos indígenas se organizaram para defender seus territórios e 12 deles, espalhados por cinco Estados amazônicos, enviaram representantes para o Intercâmbio de Experiências sobre Monitoramento, em Rio Branco, no Acre, entre 09 e 14 de outubro.

Organizado pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre) e pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), representantes dos Kayapó, dos Uru Eu Wau Wau, dos Huni Kuni e de outros que estruturaram o monitoramento e a vigilância dos territórios puderam contar como fazem o trabalho e aprender como outros fazem, reunidos no Centro de Formação dos Povos da Floresta (CFPF).

Jabson da Silva, do Conselho Indígena de Roraima, resumiu a sua vivência: “Gostei de ouvir as experiências dos povos de outros Estados, as experiências de cada povo, (entender) como é o monitoramento em Terras Indígenas que têm isolados”.

No caso dos Mebengôkré-Kayapó, que vivem num bloco de seis TIs no sul do Pará, na Bacia do Xingu, as três grandes organizações indígenas (Instituto Kabu, Instituto Raoni e Associação Floresta `Protegida) se uniram e criaram bases de monitoramento em pontos críticos de risco, nos limites de seus territórios e em locais onde garimpos foram estourados para impedir a entrada de atividades ilícitas.

Guerreiros e guerreiras se revezam nas bases e são remunerados – para poderem deixar seus afazeres como caçadas, pesca e cuidados com a roça. Roiti Metyktire, Coordenador de Monitoramento Territorial do Instituto Raoni, explicou que “não se ganha somente com atividades ilícitas dentro das nossas terras. Temos renda fazendo monitoramento territorial”.

Cada turma de monitores passa uma semana nas bases de monitoramento, de onde saem para monitorar os arredores. Para complementar o trabalho, o Kabu emprega técnicos em geoprocessamento que também monitoram imagens de satélite nas TIs Baú e Menkragnoti, onde a organização atua.

Kabu

O Instituto Kabu enviou dois jovens comunicadores que também já trabalharam nas bases para o intercâmbio. Para Poyre Mekragnotire, que aprendeu a usar o Aplicativo Somai em 2022, num curso promovido pelo MapBiomas e IPAM, “foi uma experiência muita boa descobrir que estamos na mesma linha de frente, cuidando dos territórios ancestrais.

Os participantes também aprenderam a usar o aplicativo Alerta Clima Indígena (ACI) criado em parceria com organizações indígenas, que amplia a difusão de informações sobre incêndios, desmatamento, chuvas e temperatura nas Terras Indígenas da Amazônia.