Kayapó usam georreferenciamento e mapeiam árvores que serão matrizes de sementes

Atividade foi resultado de oficina de sementes realizada na aldeia Pykatoti
Kayapó usam georreferenciamento e mapeiam árvores que serão matrizes de sementes
21.09

Mapear grandes árvores na floresta amazônica que podem ser matrizes de sementes, georreferenciar a área em que elas estão localizadas, aprender técnicas de coleta, beneficiamento e transporte dessas sementes. Essas são algumas das atividades que indígenas Kayapó desenvolveram durante a oficina de capacitação, realizada na aldeia Pykatoti na segunda semana de setembro.

O curso faz parte de quatro capacitações, que começaram a ser realizadas em 2020, dentro de um projeto desenvolvido pelo Instituto Kabu com o apoio de parceiros, como o FUNBIO, com recursos do Fundo Kayapó (leia mais aqui).

Um grupo de 15 Kayapó, entre anciãos, jovens e mulheres, teve aulas teóricas e práticas, que englobaram temas que vão desde conceitos sobre uso, germinação, coleta, beneficiamento, armazenamento até secagem e transporte de sementes. Também houve troca de conhecimentos tradicionais dos indígenas para os técnicos.  

Para selecionar a área de coleta de sementes, os participantes mapearam 5 mil metros quadrados de floresta, que foram georreferenciados. Houve a marcação de 12 pontos nesta área, com piquetes colocados a cada 25 metros. O objetivo é servir de direção para as coletas dentro da mata. 

Depois de georreferenciar a área, foram selecionadas as árvores matrizes, com base em alguns critérios, como altura das copas e diâmetro do tronco. “Esses parâmetros ajudam a separar as árvores que podem ser boas reprodutoras de sementes. Elas também precisam ter troncos retilíneos, sem muito cipó e uma copa frondosa. Os indígenas, com seu conhecimento milenar, têm facilidade para reconhecer as melhores árvores”, diz Cezarina Carvalho, que coordenou o curso.

Segundo ela, foram mapeadas seis árvores, com altura entre 15 e 30 metros, e depois catalogadas com seus nomes na língua indígena (que ainda serão traduzidas para a língua portuguesa). São elas Kadjàra, duas Kamàkaak, Piytekreti, Kyngoti e Bànhõrõ djo. Todas serão incluídas em um mapa. 

Os participantes do curso também montaram um calendário fenológico das espécies, que traz informações sobre as fases de desenvolvimento e crescimento das plantas. Informa, por exemplo, em quais meses do ano aquela espécie terá flores ou estará dando frutos.

Por fim, a ação concluiu a instalação de uma Unidade Demonstrativa de Área de Coleta de Sementes (ACS). A ideia é que a unidade sirva de modelo para que os Kayapó possam replicar em outras áreas. 

Etapas – A primeira das quatro capacitações do projeto, incluindo a produção de mudas, foi realizada em novembro de 2020, no viveiro Kayapó de produção de mudas, em Novo Progresso (PA). À época, participaram 46 pessoas, incluindo brigadistas do programa PrevFogo, que tem parceria com o Kabu.

Em outubro de 2021, foi construído na aldeia Kubenkokre um novo viveiro florestal novo, de 8 x 14 metros, para armazenar as mudas.

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