Conheça nosso trabalho: Instituto Kabu volta a campo promovendo atividades sustentáveis

As atividades nas Terras Indígenas Baú e Menkragnoti estavam interrompidas desde abril de 2020 por causa da pandemia e foram retomadas com autorização da Funai após vacinação completa da equipe
Conheça nosso trabalho: Instituto Kabu volta a campo promovendo atividades sustentáveis
24.02

As atividades do Instituto Kabu nas Terras Indígenas (TIs) Baú e Menkragnoti, onde ficam as 12 aldeias afiliadas, estavam interrompidas desde abril de 2020 por causa da pandemia. Com autorização da Funai, as atividades de campo foram retomadas em setembro do ano passado, depois de 18 meses.

Com a vacinação completa, a equipe do Instituto obteve autorização da Funai para poder entrar nas 12 aldeias que representa e, respeitando protocolos recomendados para a COVID, mais de 20 atividades e oficinas foram realizadas antes da virada do ano, atendendo a um pedido dos próprios indígenas.

Para recuperar o tempo perdido, a maior das aldeias do grupo Mekrãgnotí e também a maior filiada ao Kabu –  Kubenkokre – onde vivem mais de 700 indígenas – recebeu três oficinas simultâneas: uma de vídeo, uma de técnicas de coleta, tratamento de sementes e plantio de mudas  e a terceira de identificação e catalogação de flora. As oficinas fazem parte do projeto Legado Integrado da Região Amazônica (LIRA)  e culminaram com um mutirão para recolhimento de lixo e uma tarde de diversão e desenhos com temas ambientais para as crianças.

Audiovisual

Usando na prática o conhecimento adquirido em oficinas anteriores, os 10 jovens que participaram da oficina de vídeo produziram um documentário para o coletivo Mídia Kayapó Mekrãgnotí durante a semana da oficina.  “O que é ser Kayapó?” foi o tema para as entrevistas que os jovens fizeram entre si e com moradores da aldeia. Ao mesmo tempo em que questionavam a essência da sua cultura, eles foram praticando a realização de entrevistas, coleta de imagens e noções de edição. O resultado é o documentário Bà Kam Me Ba Nhõ Kukrádjá (Nossa Cultura na Floresta) publicado no canal do YouTube do Instituto Kabu. No vídeo,  participantes da oficina e moradores da Kubenkokre contam nele o que significa a cultura Mebengokre, que é como os Kayapó chamam a etnia em sua língua.  Os Mekrãgnotí são um dos sete grupos de Mebengokre-Kayapó, que vivem em um bloco de TIs no sul do Pará e norte de Mato Grosso.

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Mapeamento da flora

A oficina de mapeamento da flora, que além da  também foi realizada nas aldeias Pykany e Pykatoti,  vai auxiliar na construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), já em andamento e que deve ser finalizado em 2022 nas duas Terras Indígenas. Os diferentes usos de folhas, cipós, cascas de árvores e fruto, assim como os nomes tradicionais das diferentes espécies  e seus nomes científicos estão sendo catalogados, serão referendados pelos indígenas e irão integrar o PGTA.

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Arte e comercialização

No projeto Arte Kayapó, o fechamento de 2021 marcou a fase de planejamento.  A coordenação do projeto percorreu 11 das 12 aldeias filiadas ao Kabu, onde os técnicos explicaram o processo de precificação para mulheres e homens que trabalham com artesanato. A única aldeia filiada ao Kabu que não recebeu a visita foi a Menkragnoti Velho, cujo acesso ainda só é possível por avião e a construção de um ramal de ligação por terra ainda não foi feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Estas oficinas também apresentaram um novo parceiro: a seguradora Zurich, que agora integra o Origens Brasil (rede que oferece produtos com rastreamento de origem e transparência) e está apoiando a ampliação junto aos Kayapó.

Entre as atividades que já começaram estão a compra de materiais e equipamentos e o cadastro de mais artesãos Kayapó na Plataforma do Origens Brasil.

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Qualidade dos peixes, gestão e saúde

Como uma das principais fontes de proteína na alimentação dos Kayapó vem do pescado, amostras de peixes do rio Pixaxá estão sendo analisadas para verificar se há contaminação por mercúrio proveniente de garimpos, mineração e pesticidas usados nas lavouras de soja. O monitoramento começou em novembro em cinco aldeias e os primeiros resultados estarão disponíveis ainda este ano.

E o PGTA das Terras Indígenas Baú e Menkragnoti chega à reta final. No último trimestre do ano foram realizadas oficinas de revisão e validação dos mapas de etnozoenamento, apesar das dificuldades logísticas, que aumentam no período das chuvas na Amazônia.

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